O QUE NOS TORNA HUMANOS
O VESTÍGIO MATERIAL DOS RITUAIS FÚNEBRES
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https://doi.org/10.62236/missoes.v10i3.411Palavras-chave:
Rituais fúnebres, Arqueologia Funerária, humanidade, memória e identidadeResumo
Esta breve reflexão tem como objetivo discutir as práticas funerárias como um dos aspectos fundamentais dos distintivos de humanidade. Os rituais fúnebres constituem ações executadas pelos vivos em relação à morte e aos mortos dotadas de elementos simbólicos que fazem parte de um mundo abstrato e são também atribuídas de significados que abrangem aspirações, interesses, ideologias e manipulações que apenas os seres humanos constroem no processo inevitável do morrer. A Arqueologia Funerária possui como objetivo estudar os resíduos materiais dessas práticas a fim de tentar alcançar seus usos e funções e compreender o mundo dos vivos. A disciplina utiliza-se, atualmente, de um arcabouço teórico e um conjunto de métodos e técnicas próprias adequadas ao seu objeto de estudo, o contexto funerário. Tais parâmetros são sempre multidisciplinares, pois os sepultamentos abrangem vestígios arqueológicos de natureza diversificada e multifacetada que demonstra o grande potencial e, simultaneamente, o desafio interpretativo da semântica polissêmica da materialidade da morte. Apontamos, finalmente, que, apesar da grande variabilidade das práticas funerárias entre as sociedades do passado, a busca incessante pela perpetuação da memória individual e coletiva enquanto tentativa de evitar a aniquilação inevitável da existência material do ser, talvez, seja um dos aspectos simbólicos mais representativo que defina o fio condutor imutável e perdurável daquilo que nos torna humanos.
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