O QUE NOS TORNA HUMANOS

O VESTÍGIO MATERIAL DOS RITUAIS FÚNEBRES

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Autores

DOI:

https://doi.org/10.62236/missoes.v10i3.411

Palavras-chave:

Rituais fúnebres, Arqueologia Funerária, humanidade, memória e identidade

Resumo

Esta breve reflexão tem como objetivo discutir as práticas funerárias como um dos aspectos fundamentais dos distintivos de humanidade. Os rituais fúnebres constituem ações executadas pelos vivos em relação à morte e aos mortos dotadas de elementos simbólicos que fazem parte de um mundo abstrato e são também atribuídas de significados que abrangem aspirações, interesses, ideologias e manipulações que apenas os seres humanos constroem no processo inevitável do morrer. A Arqueologia Funerária possui como objetivo estudar os resíduos materiais dessas práticas a fim de tentar alcançar seus usos e funções e compreender o mundo dos vivos. A disciplina utiliza-se, atualmente, de um arcabouço teórico e um conjunto de métodos e técnicas próprias adequadas ao seu objeto de estudo, o contexto funerário. Tais parâmetros são sempre multidisciplinares, pois os sepultamentos abrangem vestígios arqueológicos de natureza diversificada e multifacetada que demonstra o grande potencial e, simultaneamente, o desafio interpretativo da semântica polissêmica da materialidade da morte. Apontamos, finalmente, que, apesar da grande variabilidade das práticas funerárias entre as sociedades do passado, a busca incessante pela perpetuação da memória individual e coletiva enquanto tentativa de evitar a aniquilação inevitável da existência material do ser, talvez, seja um dos aspectos simbólicos mais representativo que defina o fio condutor imutável e perdurável daquilo que nos torna humanos.

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Biografia do Autor

Camila Diogo Souza, Universidade Federal Fluminense

Pós-doutoranda Sênior e Professora Visitante do Programa de Pós-Graduação em História do Instituto de História da Universidade Federal Fluminense (ITH/UFF); Professora Visitante do Centro de Antropologia e Arqueologia Forense (CAAF) da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) e Coordenadora do laboratório de análises do Grupo de Trabalho Perus (GTP), Pós-Doutorado, Doutorado e Mestrado em Arqueologia Clássica pelo Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo (MAE/USP) e Pós-Doutorado em Proto-histoire égéenne na Maison René Ginouvès (Archéologie et Ethnologie) da Université de Paris X (Nanterre, França). Fundadora e segunda líder do Grupo de Pesquisas em Práticas Mortuárias no Mediterrâneo Antigo (TAPHOS) (CNPq, 2013-). Fundadora e segunda líder do Núcleo de Ensino e Pesquisa em Arqueologia e Antropologia Forense (NEPAAF) (2019-). Fundadora e Coordenadora do Laboratório de Estudos sobre a Cerâmica Antiga (LECA/UFPel). Pesquisadora da École Française d'Athènes (EfA) encarregada do dossiê “Les Tombes Géométriques d'Argos II”, a ser publicado em 2025.

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Publicado

2024-12-28

Como Citar

Souza, C. D. (2024). O QUE NOS TORNA HUMANOS: O VESTÍGIO MATERIAL DOS RITUAIS FÚNEBRES. Missões: Revista De Ciências Humanas E Sociais, 10(3), 01–10. https://doi.org/10.62236/missoes.v10i3.411

Edição

Seção

DOSSIÊ: DIDÁTICA DAS HUMANIDADES: COMO ABORDAR EM SALA DE AULA TÓPICOS DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS

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