AUTOBIOGRAFIA NA ARTE CONTEMPORÂNEA COMO DESCENTRALIZAÇÃO DO SUJEITO
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Autobiografia, Arte Contemporânea, Intimidade, CorpoResumo
O presente artigo desenvolve-se a partir da problematização do campo da autobiografia na contemporaneidade. Em uma retrospectiva histórica, o trabalho delineia como o discurso autobiográfico foi forjado e estruturado na cultura europeia sob a égide de uma subjetividade privatizada inscrita nos limites de um corpo impartilhável. Apontando para uma transformação – operada principalmente no âmbito artístico – das formas de produção de si, partilha do corpo e transmissão da história pessoal, a pesquisa explora nos trabalhos contemporâneos autobiográficos uma crítica aos modelos clássicos de produção narrativa autobiográfica. Essa hipótese de descentramento da narrativa pessoal e consequente desterritorialização da intimidade na arte contemporânea autobiográfica é estudada no artigo a partir de duas obras, “Objetos Aprisionados”, de Nazareth Pacheco, e “Como não posso me entregar por completo, entrego-me em partes”, de Lucas Alberto. Delineando um diálogo entre as duas proposições, a pesquisa compreende uma proposta de descentramento e fragmentação do corpo e da intimidade que nos apresenta outros modos de produção de si na cultura.
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