DE OBJETO DE TUTELA À SUJEITO DE DIREITOS
PERCURSOS HISTÓRICOS DA INSTITUCIONALIZAÇÃO DA INFÂNCIA
Visualizações: 157DOI:
https://doi.org/10.62236/missoes.v9i2.91Palavras-chave:
História da Educação, Invenção da Infância, Escolarização, Direitos SociaisResumo
Neste artigo de caráter bibliográfico realiza-se uma reconstituição histórica dos processos de escolarização de crianças. Identifica-se, inicialmente, que a infância é uma categoria social e seu surgimento pode ser contextualizado como parte de um conjunto de mudanças demográficas e do processo civilizador, ocorrido a partir do século XVI no mundo Ociedental. A sentimentalização do modo de relacionar-se com a prole desencadeou, consequentemente, mudanças nos hábitos e comportamentos infantis, levando à emergência de um discurso proferido por moralistas e religiosos acerca da necessidade de transformar a educação das crianças em algo público. Posteriormente, com as mudanças econômicas, em especial a industrialização e o trabalho femenino, as instituições de educação infantil, além da legitimidade moral, passam a ser necessárias para a tutela das crianças. Foi somente com a promulgação da Carta Magna brasileira que as crianças deixam de ser compreendidas como objetos de tutela e passam a ser concebidas como sujeitos de direito. Pressupõe-se que reconhecer a dimensão histórica subjacente à organização das instituições destinadas ao acolhimento e educação de crianças pequenas é fundamental para analisar o ethos e o imaginário social que envolve as escolas das etapas elementares da Educação Básicas, bem como propor mudanças de ordem praxiológicas.
Downloads
Referências
ARIÈS, Philippe. História Social da Criança e da Família. 2 ed. Rio de Janeiro: Editora LTC, 2011.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. 1988. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htmAcesso em 20 de maio de 2023.
BRASIL. Estatuto da Criança e do Adolescente. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm. Acesso em 20 de maio de 2023.
BRASIL. Lei 9.394/1996. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm Acesso em 20 de maio de 2023.
BUJES, Maria Isabel Edelweiss. Infância e Maquinarias. Rio de Janeiro: DP&A Editora, 2002.
BUJES, Maria Isabel Edelweiss. Políticas sociais, capital humano e infância em tempos neoliberais. In.: RESENDE, Haroldo de. (org.). Michel Foucault: O governo da infância. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2015. p. 259-280.
DEL PRIORE, Mary. O cotidiano da criança livre no Brasil entre a Colônia e o Império. In.: DEL PRIORE, Mary (org,). História das crianças no Brasil. São Paulo: Editora Contexto, 2021. p. 84-106.
DUBY, Georges. A solidão nos séculos XI-XII. In.: DUBY, Georges. História da vida privada, 2. São Paulo: Companhia das Letras, 2009. p. 528-551.
ELIAS, Norbert. O processo civilizador. Volume 1: Uma história dos costumes. 2. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2011.
GÉLIS, Jacques. A individualização da criança. In.: CHARTIER, Roger. História da vida privada 3: da Renascença ao Século das Luzes. São Paulo: Companhia de Bolso, 2009. p. p. 305-320.
GHIRALDELLI JUNIOR, Paulo. História da Educação Brasileira. 5 ed. São Paulo: Editora Cortez, 2015.
GOHN, Maria da Glória. História dos Movimentos e Lutas Sociais: A construção da cidadania brasileira. São Paulo: Edições Loyola, 2012.
KUHLMANN JUNIOR, Moysés. Infância e educação infantil: uma abordagem histórica. Porto Alegre: Mediação, 2015.
LOCKE, John. Pensamientos sobre la educación. Madrid/Espanha: Akal Ediciones, 2012.
MAUAD, Ama Maria. A vida das crianças de elite durante o Império. In.: DEL PRIORE, Mary (org,). História das crianças no Brasil. São Paulo: Editora Contexto, 2021. p. 137-176.
REVEL, Jacques. Os usos da civilidade. In.: CHARTIER, Roger. História da vida privada 3: da Renascença ao Século das Luzes. São Paulo: Companhia de Bolso, 2009. p. p. 169-210.
RIZZINI, Irene. O século perdido: raízes históricas das políticas públicas para infância no Brasil. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2011.
ROUSSEAU, Jean-Jacques. Emilio, ou, Da educação. São Paulo: Edipro, 2017.
STEMMER, Márcia Regina Goulart. Educação Infantil: gênese e perspectivas. In.: ARCE, Alessandra.; JACOMELI, Mara Regina Martins (org.). Educação Infantil versus Educação Escolar? Entre a (des)escolarização e a precarização do trabalho pedagógico nas salas de aula. Campinas, SP: Autores Associados, 2012. p. 5-32.